I’m not crazy, I’m just a little unwell

Parece precoce dizer esse tipo de coisa, mas eu sinto como se estivesse presa numa caverna há anos e só agora eu estivesse saindo dela. Na verdade, ainda não estou saindo, apenas estou, aos poucos removendo as pedras e já entram alguns feixes de luz pelas pequenas frestas que estou abrindo.

Talvez, eu esteja mesmo deprimida há muito mais tempo do que pensava. Talvez, esse problema já existisse lá quando eu era adolescente. E turrona que sou, não tive a maturidade – ou o discernimento, vá saber – de perceber do que se tratava. E achei que não precisava de nada. Mas eu preciso de ajuda.

Passei metade da minha vida (talvez mais, talvez menos) nessa caverna na qual me enterrei e selei as entradas. E com isso, as coisas foram passando e eu fui cada vez mais me perdendo de tudo. Inclusive de mim. E esse recente grito de socorro foi mais um basta.

Basta de viver nessa caverna. Eu quero sair e quero ver o mundo todo. Vai ser fácil? Não. E não é um processo que possa ser feito com dinamite ou corro o risco de me enterrar mais fundo. As pedras e os obstáculos têm que ser tirados um a um. A luz tem que entrar aos poucos, pros olhos se acostumarem.

É uma reabilitação. No momento, estou precisando das duas barras para conseguir caminhar. Daqui a algum tempo, posso passar para as muletas. Em breve, bastará uma bengala e, por fim, poderei andar sozinha. Com as minhas pernas, a cabeça erguida e a certeza de que, sim, eu vou ver o mundo todo.

Por enquanto, é um passo por vez. Um dia e uma noite e mais um dia. Devagar e sempre. O importante é que já não estou mais parada.

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